As ilhas barreira da Ria Formosa estão a ser alvo de um estudo com o objetivo de compreender como estas evoluem entre períodos de tempestade e calmaria.
Ana Matias, geóloga e investigadora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve (UAlg), está a coordenar este estudo focado no processo de erosão da parte frontal e do topo das ilhas barreira causadas por fenómenos de galgamento oceânico.
“Comecei por me dedicar ao estudo do galgamento oceânico, do processo que leva a que haja erosão da parte frontal e do topo das ilhas e acumulação de sedimentos devido à passagem da água nas zonas mais interiores. Medi o galgamento durante episódios de tempestade, começando por preencher uma lacuna que existia ao nível da literatura internacional que são medições da velocidade e da hidráulica do próprio galgamento e de como é que os sedimentos se movimentam durante as tempestades”, explica.
Para a geóloga, estudar como as ilhas barreiras respondem às tempestades permite-lhe observar um dos raros fenómenos geológicos que ocorrem durante um curto período de tempo. “São períodos muito curtos em termos geológicos mas que condicionam alterações profundas das barreiras. Durante estas alterações é colocada areia, é feita uma transferência de sedimentos e de água que permite que estas barreiras depois se desenvolvam sobre um substrato novo. Ou seja, estas ilhas, durante o tempo de calmaria desenvolvem um novo sistema sobre os sedimentos que se depositaram durante o galgamento.”
Recentemente, Ana Matias está a dedicar-se ao estudo do que acontece durante a calmaria. “Quanto tempo demora até que a ilha se volte a reconstruir, até que esta volte a desenvolver um sistema dunar. Como é que essa ilha vai evoluindo entre os episódios de tempestade, entre os grandes episódios de alterações”, remata.
Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | UAlg
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