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Ep. 1115 Paulo Marques – Aumento de pessoas qualificadas não foi suficiente para garantir uma maior qualidade de emprego, diz estudo

June 18, 2021

ep1115_interiorCrescimento do emprego jovem nos últimos anos tem ocorrido à custa de contratos precários.


Paulo Marques, investigador no Dinâmia’CET e professor no Departamento de Economia Política do ISCTE-IUL, dedica a sua investigação ao estudo do desemprego jovem, da qualidade do emprego e das políticas de emprego dirigidas aos jovens.

Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), este estudo tem-se focado em três eixos principais, o desemprego jovem, a qualidade do emprego e as políticas de emprego dirigidas aos jovens.

Ao longo da década de 2000 houve um aumento considerável do desemprego jovem, em grande parte motivado pela crise financeira de 2008. Esta tendência apenas começou a ser invertida a partir de 2014, no entanto, esta recuperação foi feita através do crescimento de formas atípicas de contratação, através de contratos a termo certo e a termo incerto.

“Quando olhamos para a questão da qualidade do emprego, há alguns aspectos que nos parecem bastante relevantes que são o facto de ao longo dos últimos anos, o crescimento elevado de pessoas qualificadas, não foi suficiente para garantir uma maior qualidade de emprego”, revela.

Paulo Marques explica isto pelo facto de que embora o perfil de qualificações dos jovens se tenha alterado, o perfil da estrutura produtiva do país manteve-se estanque.

“De acordo com a OCDE, Portugal tem hoje em dia mais jovens entre os 25 e os 34 com ensino superior concluído, em percentagem da população que a Alemanha ou a Itália. Se nós acharmos que o problema da qualidade do emprego dos jovens se resolve apenas pelo lado das qualificações, nós não estamos a resolver verdadeiramente uma das principais origens do problema, que é o facto de os setores económicos que estão a crescer serem setores que não valorizam essas qualificações”, reforça.

Nos últimos anos Portugal tem visto um crescimento acentuado do setor do turismo, uma área que não valoriza a contratação de jovens com qualificação superior.

Segundo Paulo Marques, enquanto a estrutura produtiva do país não valorizar os jovens com formação superior, os mesmos não estarão protegidos contra a precariedade e o risco de desemprego.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | ISCTE | DINÂMIA'CET

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