Este projeto pretende compreender como os jovens ativistas procuram afirmar-se no espaço político e mediático.
Anabela Carvalho, professora no Departamento de Ciências da Comunicação do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (ICS UM) e investigadora no CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia, está a estudar o ativismo climático nos jovens portugueses no âmbito do projeto JustFutures.
O JustFutures é um projeto que procurou compreender os imaginários políticos dos jovens em relação às alterações climáticas, ou seja, como é que eles consideram que as sociedades se podem organizar, e se podem governar para melhor combater as alterações climáticas, e também como é que eles podem ter um papel em tudo isso.
Nesse sentido foram desenvolvidos diferentes estudos, um dos quais procurou mapear o ativismo climático em Portugal entre 2021 e início de 2022. Esse estudo identificou cerca de 300 grupos em Portugal com alguma ligação ao movimento climático.
Para além disso, este projeto desenvolveu uma análise bastante extensa da cobertura televisiva do ativismo climático jovem em Portugal entre 2018 e 2021.
Os resultados dessa análise revelaram que as visões mais transformativas e disruptivas não têm uma boa recetividade nos media portugueses. Enquanto o ativista mais bem-comportado e cumpridor tem alguma expressão e uma boa cobertura nos media, não é dada qualquer legitimidade às propostas mais radicais em termos mediáticos.
Nestes casos é possível observar pela edição e pelo jogo de vozes, que há uma critica direta e muitas vezes contundente e excludente dessas propostas.
Foi também realizado um trabalho etnográfico alargado com grupos ativistas em Lisboa, no Porto, e em Braga, com o objetivo de perceber a partir do terreno e da observação das suas atividades, como é que o ativismo climático funciona em concreto.
Foram também realizados workshops em Lisboa e no Porto para pensar como é que os jovens em grupo e de uma forma colaborativa e em coconstrução conseguem pensar formas diferentes de comunicar as alterações climáticas e de se afirmarem enquanto agentes políticos neste processo.
“É notório que há da parte de muitos jovens uma vontade maior de afirmarem a sua voz no espaço público. Há muitos preconceitos em relação aos jovens, muitas vezes da parte das entidades políticas e de outras, relativamente à capacidade que eles têm de pensar, de refletir, e de propor caminhos para o futuro, sendo que esse adultismo e esses preconceitos por vezes são desmobilizadores também”, revela.
O projeto JustFutures – Futuros Climáticos e Transformações Justas: Narrativas e Imaginários Políticos dos Jovens é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | Google Scholar | ICS UM | CRIA
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