Esta técnica poderá ser aplicada durante o processo de diálise para produzir oxigénio para um paciente ligado a um ventilador.
Maria José Sampaio, investigadora no Laboratório Associado ALICE na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), está a desenvolver o projeto MicroPhotOGen, uma inciativa que tem como objetivo desenvolver um dispositivo capaz de produzir oxigénio utilizando recursos e tecnologias sustentáveis.
O MicroPhotOGen está a estudar o uso de fotocatálise heterogénea na separação da molécula de água nos seus constituintes, ou seja em hidrogénio e oxigénio.
O oxigénio está presente no nosso dia-a-dia é utilizado em diferentes aplicações industriais e é um elemento indispensável na área da saúde.
O panorama atual da pandemia de COVID-19 demonstrou a necessidade de encontrar soluções eficazes e sustentáveis para a produção de oxigénio, em particular em momentos de grande procura por este gás.
“Até agora desenvolvemos e configurámos um dispositivo capaz de operar em modo contínuo onde obtivemos excelentes taxas de produção de oxigénio”, revela.
Nesta reação foi apenas usada água e iões de ferro para compensar o desnível de cargas do processo, assim como dióxido de titânio como catalisador imobilizado no suporte inerte, e uma fonte de luz artificial a atuar no limiar do ultravioleta.
Os iões de ferro foram usados para aproximar este processo daquilo que acontece na corrente sanguínea. O ferro é um elemento presenta na hemoglobina, a proteína presente nos glóbulos vermelhos que é responsável pelo transporte de oxigénio no sistema circulatório.
A ideia é poder usar este sistema acoplado a um ventilador ou a um dispositivo de oxigenação por membrana extracorporal (ECMO) para produzir oxigénio através da água presente no plasma do sangue do paciente durante a diálise, produzindo o oxigénio localmente e reduzindo a necessidade de recorrer a um tanque externo.
“Claro que todo este estudo foi apenas uma prova de conceito. O próximo passo é utilizar plasma sanguíneo, porque este é constituído por cerca de 90% de água, uma fonte de oxigénio, e trabalhar com catalisadores biocompatíveis com células humanas para tentar assim contribuir para o desenvolvimento tecnológico na área da saúde”, revela.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | LSRE-LCM | FEUP
Créditos Foto: Rita França