O figurino não é apenas o que o ator veste, mas todo o revestimento que é colocado à frente da câmara em diálogo entre o realizador e o figurinista para construir uma personagem.
Caterina Cucinotta, investigadora no Instituto de História Contemporânea (IHC) na Universidade Nova de Lisboa (UNL), está a estudar a história e o papel dos figurinos no cinema português nos últimos 50 anos.
O figurino é uma representação do percurso psicológico, sociológico e cultural da personagem, todo ele resumido numa roupa.
“O meu estudo de pós-doutoramento vIsa dar visibilidade não só à profissão de figurinista, como também visa ter uma abordagem teórica ao figurino e ao processo criativo do figurinista. Ou seja, não só olhar para o objeto figurino, ou para o objeto vestuário, como também olhar para o seu criador”, explica.
Caterina Cucinotta pretende com este estudo dar mais notoriedade ao papel do figurinista e da mulher no cinema, papel esse que segundo a investigadora nem sempre foi valorizado na História do cinema português.
“Muitas vezes o que acontece é que as figurinistas são mulheres, sobretudo no cinema português. E isto tem gerado alguma desvalorização da profissão que muitas vezes nem se chama figurino, chama-se ‘guarda-roupa’, que é uma desvalorização da profissão”, reforça
Neste estudo Caterina Cucinotta pretende mostrar como a presença da mulher no cinema começou através do figurino.
“Por exemplo, as primeiras montadoras eram contratadas pelas produtoras do cinema mudo porque sabiam coser e porque sabiam cortar. É uma ligação entre a moda e o cinema é uma ligação do tipo material. Uma relação que tem a ver com a figura feminina não em frente da câmara mas atrás da câmara como criadora”, revela.
Caterina Cucinotta é autora do livro 'Viagem ao Cinema Através do Vestuário'.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | IHC
