Esta investigação está a estudar como as forças coloniais usavam a arquitetura e o urbanismo como ferramenta de controlo durante a guerra.
Ana Vaz Milheiro, investigadora integrada no DINÂMIA’CET no ISCTE-IUL e professora auxiliar na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa (FAUL), está a desenvolver o projeto ArchWar, uma iniciativa que pretende compreender o papel da arquitectura durante a guerra colonial.
Ao longo dos últimos 12 anos, Ana Vaz Milheiro tem coordenado projetos financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) inserida num coletivo de investigadores com o nome de A+I – Architecture + Infrastructures.
Esta equipa multidisciplinar tem como principal objetivo compreender as paisagens coloniais a partir da ocupação territorial, considerando as repercussões pós-independência.
“Trabalhamos com arquivos históricos e documentais, realizamos missões no terreno e procuramos descrever o impacto da colonização Nas sociedades contemporâneas, em parceria com os nossos colegas em África e na Ásia”, acrescenta.
Atualmente, Ana Vaz Milheiro encontra-se a desenvolver o projeto ArchWar, uma iniciativa que visa compreender o papel da arquitetura durante a guerra colonial com foco na produção de habitação tendo em conta o trabalho realizado pelos arquitetos dos departamentos de obras públicas e militares.
Esta investigação questiona o papel da guerra na criação de mecanismos de controlo recorrendo às disciplinas da arquitetura e do urbanismo, e observando três fenómenos principais: a construção de bairros de expansão urbana edificados sobre musseques e caniços; os colonatos em áreas económicas estratégicas; e os ordenamentos rurais resultantes das deslocações maciças de camponeses maioritariamente africanos.
“Pretendemos assim relacionar o atual direito à habitação em países como a Guiné Bissau, Angola, e Moçambique, com as diferentes infraestruturas residenciais que foram herdadas deste período colonial em particular”, reforça.
O projeto ArchWar pretende assim estudar como a arquitetura foi usada como mecanismo de controlo e de perpetuação do domínio colonial, e que efeitos deste período ainda hoje se fazem sentir nas comunidades locais.
Saiba mais sobre a investigadora em: Google Scholar | ISCTE | DINÂMIA'CET