Os resultados em modelos animais demonstraram que a cafeína tem um papel importante na regulação do humor e na prevenção do stress.
Rodrigo Cunha, diretor do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (IME) e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), está a estudar se a cafeína pode ser usada para prevenir a depressão.
“O maior interesse de investigação que temos dentro do nosso grupo é compreender a possibilidade de a cafeína se configurar como uma nova intervenção para o controlo do humor, e em particular para o controlo da depressão”, conta.
Nas últimas duas décadas Rodrigo Cunha e a sua equipa procuraram identificar os alvos moleculares da cafeína e verificaram que no nosso sistema nervoso a cafeína interage com recetores de adenosina que funcionam como sensores de alerta de perigo ou de stress em sistemas biológicos.
Como na depressão existe uma diminuição na reatividade do sistema nervoso, surgiu a hipótese de que houvesse também um excesso de atividade destes sensores, e que esse excesso pudesse ser corrigido pela cafeína.
Para testar esta hipótese foram realizados estudos em modelos animais. Nestes estudos foi possível demonstrar por um lado que a cafeína conseguia prevenir as modificações de comportamento que são associadas à depressão quando os animais são sujeitos a situações de stress, e por outro lado que quando os sensores de adenosina eram ativados de forma artificial os animais desenvolviam padrões comportamentais compatíveis com a depressão.
Estes resultados indicam que a cafeína ao inibir os recetores de adenosina reduz a sua atividade, e previne o desenvolvimento de depressão.
Se for possível replicar este comportamento em humanos a cafeína poderá num futuro próximo ser usada no tratamento desta doença.
Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | Google Scholar | FMUC
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