Foram identificados 52 autores que foram alvo de censura durante este período.
Francisco Malta Romeiras, investigador no Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT) na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), está a estudar as práticas de censura nas disciplinas científicas durante o período da Inquisição em Portugal entre os séculos XVI e XVII.
O objetivo deste estudo é não só identificar as técnicas de censura usadas na época, mas também recuperar as práticas científicas associadas aos textos que foram banidos.
“Nos últimos anos tenho procurado estender a minha investigação ao estudo dos processos individuais na Inquisição portuguesa. Este estudo permite-nos reconstituir algumas práticas de disciplinas científicas nomeadamente da astrologia, da medicina, ou da filosofia natural”, conta.
Este estudo já permitiu, por exemplo, no caso concreto da medicina e da astrologia, perceber quanto é que custava uma consulta, que livros é que eram usados, como é que eram tiradas as conclusões, ou até mesmo com quem é que se cruzavam estes praticantes.
Uma das primeiras observações desta investigação revelou que com a exceção do caso de Amato Lusitano, as censuras eram bastante ligeiras, muitas vezes representando apenas a rasura de uma pequena expressão ou do nome do autor.
“Além disso na maior parte das vezes, as palavras censuradas são legíveis e portanto aquilo que era suposto não se ler podia de facto ser lido”, acrescenta.
Segundo o historiador, isto criava o efeito oposto. Ao rasurar um texto de forma leve, o inquisidor acabava por chamar a atenção para o ponto que este não queria que fosse lido.
“Os resultados desta investigação serão publicados em breve e espero no futuro poder traçar uma História mais geral da relação entre a Inquisição e a Ciência em Portugal”, reforça.
Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Google Scholar | FCUL | CIUHCT
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