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Ep. 1490 Ricardo Henriques – Investigação desenvolve microscópio que usa inteligência artificial para observar o comportamento de células

February 10, 2023

Estes microscópios vão conseguir observar em tempo-real fenómenos celulares que não são possíveis de observar usando métodos convencionais.


Ricardo Henriques, investigador no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e professor na University College London (UCL) no Reino Unido, está a usar inteligência artificial para desenvolver microscópios capazes de agir de forma autónoma e adquirir imagens de células com o mínimo de luz possível.

“Uma das coisas que é bastante interessante naquilo que nós fazemos no nosso laboratório é que utilizamos inteligência artificial para tentar resolver problemas em termos de microscopia que eram impossíveis de resolver antes. Por exemplo, uma das coisas que estamos interessados em perceber é de que maneira é que alguns vírus entram dentro de células e como conseguem se reproduzir dentro dessas células”, conta.

Infelizmente, o ambiente em que um microscópio convencional faz a aquisição de imagens de células é tóxico, pois as células não são normalmente expostas à luz e, por causa disso, não sabem como reagir à quantidade de luz utilizada por um microscópio.

Para resolver este problema, o laboratório de Ricardo Henriques utiliza inteligência artificial para tomar decisões sobre quando é que é mesmo necessário adquirir uma imagem e assim reduzir a quantidade de luz a que essas células são expostas.

“É algo parecido como por exemplo quando olhamos para um jogo futebol. Num jogo de futebol as pessoas que estão atrás da câmara têm que tomar algumas decisões, se fazem zoom in onde está a bola, se observam aquela bola com muito detalhe, ou se efectivamente olham para o campo inteiro e tentam perceber qual é a situação do jogo. De algum modo, é algo parecido aquilo que nós fazemos com a inteligência artificial que neste caso é capaz de perceber aquilo que está a acontecer nas amostras de células e, ao determinar que algo interessante vai acontecer, consegue aumentar o detalhe e a resolução espacial e temporal para observar aquele evento”, explica.

Assim o microscópio apenas é ativado quando um evento de interesse ocorre. Este método tem ainda a vantagem de poder ser utilizado durante um tempo indefinido e de analisar ao mesmo tempo um volume elevado de células, permitindo assim observar eventos que, de outra forma, um ser humano não conseguiria ver.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Google Scholar | IGC

 

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