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Ep. 1531 João Duarte – Descoberta revela indícios de que o Oceano Atlântico estará a começar a fechar

April 10, 2023

Fratura na placa tectónica ao largo do Cabo de São Vicente alimenta esta hipótese.


João Duarte, professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e investigador no Instituto Dom Luiz (IDL), dedica a sua investigação ao estudo da geologia e da geofísica do fundo do mar.

“Sabemos que a costa portuguesa é uma zona que tem gerado sismos muito grandes e isso tem sido sempre um grande enigma. Nos últimos anos fizemos vários trabalhos de geologia marinha para estudar o fundo do mar e descobrimos que há uma zona ao largo do Cabo de São Vicente em que uma placa tectónica está a começar a fraturar-se e a começar a afundar”, revela.

Esta zona poderá explicar as origens dos sismos de grande magnitude mas também poderá ter outras implicações no que diz respeito ao futuro do Oceano Atlântico.

Mais concretamente, a existência desta zona poderá ser uma evidência de que o Oceano Atlântico estará a começar a fechar.

Atualmente sabe-se que o Oceano Pacífico está a fechar. A principal evidência para este efeito é a existência do anel de fogo, uma cadeia vulcânica que se estende ao longo de toda a costa do Pacífico.

João Duarte estima que o mesmo poderá acontecer no Atlântico nos próximos 20 ou 30 milhões de anos. O surgimento de um anel de fogo no Atlântico poderá resultar no fecho deste Oceano que, aliado ao fecho do Pacífico, poderá dar origem a um novo supercontinente.

Isto será feito à custa de criar um novo grande oceano no nosso planeta, que à partida será o Oceano Índico.

Embora estes eventos ainda estejam a dezenas de milhões de anos de distância, o estudo destas zonas poderá dar algumas pistas sobre o perigo sísmico desta região.

“Grande parte destes sismos e vulcões só serão muito frequentes daqui a vários milhões de anos, no entanto, este processo está a gerar hoje sismos de grande magnitude como o sismo de 1755 ou o sismo de 1969 que teve uma magnitude de 8”, explica.

Conhecer estas estruturas irá assim ajudar-nos a fazer uma melhor previsão da perigosidade sísmica, pois ao estudar estes processos iremos perceber o que está na origem destes sismos, e assim ter uma fonte de dados mais fidedigna para prever qual será o seu período de recorrência.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | Google Scholar | IDL

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