A demissão silenciosa, ou quiet quitting, ocorre quando o trabalhador cumpre apenas o mínimo indispensável e deixa de estar comprometido com a empresa.
Antónia Correia, professora na Universidade do Algarve (UAlg), investigadora no Centro de Estudos e Formação Avançada em Gestão e Economia (CEFAGE), e presidente do KIPT Colab – Laboratório Colaborativo do Turismo e Inovação, está a estudar a demissão silenciosa na restauração e hotelaria no Algarve.
“A demissão silenciosa foi introduzida na literatura pela primeira vez em 2009 por Mark Boldger. A partir daí foram feitos alguns ensaios sobre a demissão silenciosa em vários países, incluindo Portugal, mas na área do Turismo nunca tinha sido feita, o que torna este estudo pioneiro”.
Em Portugal, foi realizado um estudo em 2021 que apontava para 18% de demissão silenciosa no total da economia.
Neste projeto, foi recolhida uma amostra de 1200 profissionais dos setores da hotelaria e restauração no Algarve. Os resultados revelaram uma incidência de 25% de demissão silenciosa nestes setores.
Segundo Antónia Correia, o fator mais crítico neste processo parece ser o clima organizacional. Em particular, a colegialidade da tomada de decisão, o acolhimento das ideias inovadoras, e o reconhecimento.
O valor do trabalho, a componente social, o sentimento de pertença, e os níveis de satisfação, foram os restantes fatores apontados pelos participantes.
Um dado curioso, é que o nível de remuneração não foi um fator relevante, principalmente junto dos jovens.
Os dados demonstram que os jovens dão importância à conciliação entre o trabalho e a vida pessoal, e que estão mais à procura de um salário emocional, de reconhecimento e de valorização do seu desempenho.
“Naturalmente que se o ordenado não for suficiente vai correr mal na mesma, mas em todo o caso estes são os fatores mais relevantes para eles”, reforça.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | Google Scholar | UAlg