Estão a ser estudadas peças de teatro de textos tradicionais como a Gata Borralheira e o Capuchinho Vermelho.
Ana Margarida Ramos, professora na Universidade de Aveiro (UA) e investigadora no Centro de Línguas, Literaturas e Culturas (CLLC), estuda a ação da censura sobre textos de literatura infantil durante o Estado Novo.
“Tenho-me dedicado a estudar os processos que estão na Torre do Tombo e que resultam da apreciação por parte da censura de textos de literatura infantil, em particular de peças de teatro, sobretudo a partir da década de 1950 até ao final da ditadura”, conta.
Ana Margarida Ramos tem estado a trabalhar com textos e adaptações de textos da tradição oral. Num primeiro estudo realizado em parceria com investigadores espanhóis, foram analisadas diferentes versões da Cinderela e da Gata Borralheira. Atualmente, a investigadora está a finalizar um novo estudo sobre as versões do Capuchinho Vermelho publicadas durante o Estado Novo.
Nestes estudos é feito um levantamento de todas as versões das peças de teatro que podem ser encontradas na Torre do Tombo e que foram submetidas à apreciação da censura.
Depois são analisadas as características destes textos, quer do ponto de vista da sua construção, das personagens, e da forma como estes se apresentavam, se em prosa, se em verso, se seguem um paradigma mais próximo dos textos tradicionais, se colocam muitas novidades, ou até mesmo se fazem uma paródia desses testes.
É a partir desta informação que é depois analisada a intervenção dos censores.
Essa intervenção era feita em dois momentos diferentes, primeiro sobre o texto e sobre o seu conteúdo, e depois durante o ensaio geral da peça de teatro, ao qual o censor assistia para avaliar a encenação, desde o movimento das personagens, ao próprio vestuário e guarda-roupa.
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