Este é o primeiro estudo espetroscópico de restos mumificados humanos ósseos sujeitos a um incêndio.
Maria Paula Marques, investigadora no Grupo de Investigação Química-Física Molecular/REQUIMTE da Universidade de Coimbra (QFM-UC), está a estudar os restos queimados de múmias egípcias que sobreviveram ao incêndio no Museu Nacional do Brasil.
Este estudo está a ser realizado através de métodos espetroscópicos que permitem fazer a caracterização de amostras por interação da luz de um laser com essas mesmas amostras.
Neste caso, estão a ser estudadas amostras de ossos de múmias egípcias, que estavam guardadas no Museu Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro, que sofreu um incêndio grave em 2018.
São alvo de análise quatro múmias que estavam expostas numa sala do museu, com destaque para a múmia de uma cantora, chamada Sha-Amun-en-su, que estava dentro de um sarcófago que nunca tinha sido aberto.
Esta é a primeira vez que um grupo de investigadores tem acesso aos restos mortais desta múmia.
Para além de Sha-Amun-en-su, está também a ser estudada uma múmia romana. As múmias romanas são muito raras, pois existem apenas oito múmias conhecidas que passaram por esse processo de mumificação.
A finalidade deste estudo é caracterizar não só as temperaturas de queima, como saber em que estado estão os fragmentos ósseos para que estes possam ser conservados e preservados o melhor possível de agora em diante.
No âmbito deste trabalho foi também possível identificar os compostos que foram utilizados durante o processo de mumificação.
“Isto é muito interessante porque conseguimos identificar compostos que se sabia que os egípcios usavam, mas que na verdade nunca tinham sido identificados em restos mumificados”, revela.
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