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Ep. 24 Rui Costa – Neurónios produtores de dopamina dão uma nova luz sobre a doença de Parkinson

December 23, 2016
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​Créditos Foto: Gabriela Martins

Responsáveis pela produção da hormona dopamina, os neurónios dopaminérgicos têm um papel fundamental na iniciação dos nossos movimentos, e abrem novas portas na investigação sobre a doença de Parkinson.​


É na Fundação Champalimaud que Rui Costa estuda os processos neuronais responsáveis pela iniciação de movimento. Como decidimos iniciar um movimento? Por que deixa este sistema de funcionar nos doentes com Parkinson? São algumas das questões que o grupo de neurociências de Rui Costa procura responder.

“Estudamos como iniciamos os movimentos. Como decidimos fazer ou não fazer. Estudamos também a doença de Parkinson porque é uma doença em que se perdem certos neurónios que produzem dopamina, o que faz com que percamos a capacidade de nos movimentar quando queremos”, explica.

Segundo o investigador, ao observar a atividade nos neurónios dopaminérgicos e nos gânglios da base, uma parte do cérebro que está relacionada a iniciação do movimento, é possível comprovar que quando esses neurónios morrem há dificuldade em iniciar o movimento em doentes com Parkinson. Contudo, o mesmo não acontece com movimentos repetitivos e já treinados ao longo da vida.

“Se treinarmos muito os animais a repetir um certo movimento, conseguimos que eles, mesmo com Parkinson, sejam capazes de o replicar na perfeição”, conta. Rui Costa recorda um caso de um paciente holandês que embora não seja capaz de andar por si próprio, consegue andar de bicicleta de uma forma natural, idêntica a uma pessoa saudável.

“Quando publicámos este estudo, um amigo meu que vive na Holanda telefonou-me e disse, ‘tens que ver este vídeo que não vais acreditar’. Na Holanda eles andam muito de bicicleta e um senhor com Parkinson que não consegue andar sozinho, quando é posto na bicicleta anda normalmente e de forma perfeita.”

O que torna estes casos possíveis? Para Rui Costa a resposta encontra-se nos neurónios dopaminérgicos, e traça como objectivo continuar a mapear as diferentes partes do cérebro responsáveis pelo movimento. “Nestes casos específicos relacionados com a dopamina e o Parkinson queremos conhecer e mapear que partes do cérebro é que se ligam a estes neurónios. O que leva a que os neurónios dopaminérgicos fiquem ativos? E o que leva a que estes neurónios sejam mais vulneráveis e morram mais cedo? Nós gostávamos de perceber isso.”

Saiba mais sobre o investigador em: ResearchGate | F. Champalimaud

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