saúde pública,
90 seg

Ep. 336 Carla Lopes – EPIPorto: Obesidade central relacionada com maior risco de enfarte do miocárdio

March 07, 2018

ep336_interiorEsta coorte de base populacional está desde 1999 a acompanhar cerca de 2500 habitantes da cidade do Porto, com o objetivo de estudar a evolução ao longo da vida de diversos fatores de comportamento, alimentação, doença e estilo de vida.


Carla Lopes, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e professora da Faculdade de Medicina (FMUP) da mesma universidade, estuda a forma como os diferentes fatores analisados pela coorte EPIPorto influenciam a relação entre a obesidade e o enfarte do miocárdio

Constituída em 1999 com cerca de 2500 participantes com idade superior a 18 anos, a coorte EPIPorto recolhe informação sobre a saúde e a vida destes habitantes da cidade do Porto com alguma regularidade ao longo dos últimos vinte anos. “A minha investigação nesta coorte centra-se essencialmente na área dos fatores de comportamento, de estilo de vida, um pouco mais a alimentação e a forma como se relaciona com fatores cardiovasculares, particularizando a questão da obesidade e também do próprio enfarte do miocárdio e por isso o risco destes determinantes nestas patologias”, contextualiza Carla Lopes.

“É vasta a informação nesta coorte assim como aquilo que podemos dizer e salientar mas poderia destacar aqui a questão da obesidade e a obesidade central como um fator que foi descrito como o fator de maior impacto dentro de todos os fatores de risco cardiovascular dentro da própria população portuguesa”, acrescenta.

A obesidade central é caracterizada pelo excesso de gordura na zona abdominal. Segundo Carla Lopes a evolução da gordura central ocorre ao longo do tempo com mais velocidade que a total, sendo que essa velocidade é maior nas mulheres.

Os dados da EPIPorto sugerem uma maior incidência de obesidade central entre as mulheres menos escolarizadas e de classes socioeconómicas mais baixas. “É um aspeto que nos leva a pensar aqui não só na questão do contexto, mas também na escolaridade que aqui funciona como indicador socioeconómico indireto, mas que marca muito o contexto social, a mostrar que de facto as pessoas menos escolarizadas terão um perfil cardiovascular mais desfavorável não só pela obesidade central, mas também por outros fatores de risco que analisámos”, conclui.

A decorrer há quase vinte anos, a análise dos dados colhidos pela EPIPorto tem permitido responder a numerosas questões científicas, tendo resultado na publicação de várias dezenas de artigos científicos maioritariamente em revistas internacionais, bem como na realização de teses de doutoramento e dissertações de mestrado, contribuindo assim também para a formação pós-graduada na área da Epidemiologia e Saúde Pública.

Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | ISPUP

Scroll to top