Este estudo descobriu que as alterações de apetite podem servir como sintomas premonitórios da enxaqueca.
Margarida Martins Oliveira, nutricionista e neurocientista na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), está a desenvolver um estudo em colaboração com a University of California San Francisco (UCSF) e o King’s College London (KCL) sobre o cérebro e a relação entre apetite e enxaqueca.
A enxaqueca é caracterizada por quatro fases, uma delas é a fase premonitória que prevê com alguma exatidão a enxaqueca e pode ter início um a dois dias antes da fase da dor. É durante esta fase premonitória que o paciente pode desenvolver alterações de apetite, como fome, falta de apetite, ou desejos por um alimento específico.
Os sintomas premonitórios por vezes são confundidos com desencadeantes, por exemplo, o chocolate, a vontade de comer chocolate é muito relatada por doentes como um fator desencadeante. Temporalmente parece haver uma relação, ou seja, come-se chocolate e depois aparece a enxaqueca, contudo, um alimento só é desencadeante se provocar enxaqueca sempre que for ingerido, o que não parece ser o caso”, explica.
O objetivo desta investigação é perceber a relação entre a fome e/ou um apetite específico com o sistema trigeminovascular. O sistema trigeminovascular é um conjunto composto por neurónios e pelo nervo trigémeo que é responsável por alguns tipos de enxaquecas.
“Qual é a relevância deste trabalho? Nós ao estudar a fase que se manifesta mais cedo na crise de enxaqueca, estamos a tentar perceber a origem desta patologia. Isto servirá para delinear estratégias mais direcionadas, mais específicas e mais eficazes, até porque se a enxaqueca não for tratada eficazmente pode evoluir para uma forma crónica em que a frequência de ataque de enxaqueca pode superar os 15 dias por mês”, reforça.
Margarida Martins Oliveiras acredita que esta descoberta abre portas a outros estudos e à possibilidade de desenvolvimento de novos tratamentos através de fármacos.
A próxima fase deste estudo vai ter como objetivo perceber como o desejo por alimentos específicos, como o chocolate, se associa à fase premonitória da enxaqueca.
Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | FMUP