Usado como animal modelo para o avanço do conhecimento biológico de doenças e para o teste de novos fármacos, o peixe-zebra pode também ser usado como método de diagnóstico para determinar qual a melhor terapia a aplicar a um determinado doente.
Rita Fior, investigadora da Fundação Champalimaud, está a usar o peixe-zebra para desenvolver um teste para ajudar os médicos oncologistas a escolher o melhor tratamento para cada doente.
“No fundo, este ensaio que estamos a tentar desenvolver passa por pegar em células tumorais dos doentes, seja de uma biopsia, ou de uma cirurgia e por num modelo de peixe-zebra”, conta.
O objetivo passa por dotar os oncologistas de um método capaz de determinar qual o tratamento mais eficiente para cada doente a partir da forma como o peixe-zebra reage a diferentes terapias.
“As opções terapêuticas que existem ainda são muito à base da quimioterapia e da radioterapia e muitas vezes existem opções equivalentes, ou seja, os oncologistas podem escolher A ou B mas não sabem se para aquele doente em particular será melhor o A ou o B. É isso que nós estamos a fazer no laboratório a tentar ver se nós conseguimos prever qual será a melhor terapia para cada doente individual”, explica.
Sistema imunitário ao serviço do tumor?
Em paralelo a este estudo, o laboratório de Rita Fior encontra-se também a desenvolver uma linha de investigação sobre a interação entre as células tumorais e as células do sistema imune inato do peixe-zebra, maioritariamente os macrófagos e os neutrófilos que interagem com o tumor.
“O que nós verificámos foi que umas células humanas eram rejeitadas e outras não pelo peixe. Quisemos perceber quais é que são as moléculas que umas células estão a expressar para conseguir bloquear esse sistema imune, e que outras estão a ser reconhecidas”, acrescenta.
Segundo Rita Fior, em muitos casos, os tumores conseguem fugir ao sistema imune do paciente tornando-se invisíveis para o nosso sistema imunitário, ou através de mecanismos que suprimem a nossa resposta imune.
“Percebendo esta interação no nosso modelo de peixe-zebra talvez consigamos descobrir novas moléculas que depois um dia mais tarde venham ajudar a imunoterapia e portanto fazer chegar a imunoterapia a mais doentes”, remata.
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