astronomia,
90 seg

Ep. 63 Margarida Cunha – Ouvir a música das estrelas para conhecer o seu interior

February 16, 2017

ep063_interiorObservar a actividade sísmica de uma estrela dá-nos informação sobre a sua composição, e sobre como estão distribuídas as diferentes camadas que compõe o seu interior.​


Margarida Cunha, astrónoma no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) no Porto, estuda a propagação ao longo da superfície das estrelas, das ondas acústicas provocadas por sismos.

Para a astrónoma estudar estas ondas é como ouvir a música das estrelas: “Costumo falar na música das estrelas porque em muitas das estrelas que nós estudamos, a começar pelo Sol, as ondas que se propagam no seu interior são ondas acústicas, e portanto o que nós temos essencialmente é um instrumento musical. Um instrumento musical relativamente simples porque é esférico, mas com a diferença de que o seu interior não é homogéneo, portanto estamos a falar de um meio em que a densidade muda e portanto a velocidade do som muda de uma forma muito significativa da superfície até ao centro.”

A partir da Terra Margarida Cunha observa as frequências emitidas por estas ondas acústicas, frequências essas que espelham como se propaga o som no interior de uma estrela, e que nos dizem como é a sua estrutura.

“Só com uma frequência podemos ter logo uma ideia se estamos a falar de uma estrela mais pequena ou de uma estrela maior. Da mesma forma quando ouvimos um violino ou um violoncelo, conseguimos saber qual é qual mesmo que não estejamos a ver os instrumentos”, exemplifica.

Para a astrónoma, a astrosismologia é a única forma que nós temos de ver o interior das estrelas. Através destes métodos de estudo sísmico das estrelas é possível fazer uma imagem semidirecta do seu interior: “Um bocadinho como fazer uma ecografia. As oscilações que nós vemos à superfície, através, por exemplo, da variação do brilho da estrela ou do movimento da sua superfície, são manifestações de ondas que se propagam no interior. A forma como elas se propagam depende da constituição química, da densidade, da pressão, da temperatura e de como esta varia desde o centro da estrela até à sua superfície.”

Em tudo similar à análise sísmica de tremores de terra, Margarida Cunha olha para os tremores de estrela, não apenas para ouvir a música que estas produzem, mas também para nos desenhar uma imagem do que se esconde para lá da superfície de uma estrela.

Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | IA

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