Este projeto está a analisar as relações entre os doentes, as suas famílias e os profissionais de saúde.
Alexandre Martins, sociólogo e professor no Instituto Politécnico de Portalegre (IPP) e investigador integrado no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa (CICS.NOVA), está a desenvolver o projeto ETIC uma iniciativa que pretende estudar a gestão de conflito nas trajectórias de fim de vida em cuidados paliativos.
“A nossa ideia passa um pouco por problematizar e analisar as relações entre famílias, doentes e profissionais de saúde nos cuidados paliativos, nomeadamente, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, e também psicólogos, procurando perceber como é que estas equipas são capazes de gerir conflitos em situações cotidianas dos cuidados paliativos”, conta.
Nesse sentido estão a ser caracterizadas diferentes situações que podem gerar conflitos no cotidiano dos profissionais de saúde nos cuidados paliativos. O conflito pode surgir, por exemplo, em discussões sobre a possível ou não possível alta hospitalar, sobre a definição do doente como doente terminal, e sobre como preparar e informar a família, e o próprio doente, para a conversa de fim de vida.
“Já compreendemos que é um processo social muito mais vasto que apenas uma conversa entre o médico e o doente, em que toda a equipa vai-se aproximando da família e do doente para procurar compreender como é que esta notícia poderá ser dada, e quando”, explica.
A preparação da relação com a família e com os doentes por parte das equipas de cuidados paliativos, permite prevenir o surgimento de situações de conflito que possam causar tensão ou incerteza e assim adicionar um novo grau de complexidade ao seu trabalho cotidiano. Esta preparação permite sobretudo promover o conforto dos doentes e das suas famílias.
“Numa situação final de vida os doentes e as suas famílias sentem incerteza e dificuldade em interpretar o que se está a passar, sentem receios diversos que podem causar situações que criam ansiedade e que criam de facto um aumento das tensões e dos conflitos”, reforça.
Este estudo pretende assim conhecer melhor esta realidade e fornecer ferramentas aos profissionais de saúde para gerir estes conflitos.
O projeto ETIC – Gerindo trajetórias de final de vida em cuidados paliativos é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
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