Este projeto está a estudar como diferentes culturas da Península Ibérica e do norte de África retratavam as mulheres nos seus registos historiográficos.
Joana Gomes, investigadora no Instituto de Filosofia (IF) da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), está a estudar como as mulheres em posição de poder eram retratadas no discurso historiográfico do Mediterrâneo entre os séculos X e XIV.
“O meu projeto de investigação tem como objetivo estudar a relação entre género e poder político, e como ela é representada nos textos historiográficos medievais, ou seja, nas crónicas, nos anais, e nos relatos que todos conhecemos”, refere.
O intuito deste estudo é avaliar como os discursos são construídos e transmitidos entre várias culturas.
“Na Península Ibérica temos uma série de culturas que coexistem durante esse período. Essas culturas não eram estanques, ou seja, embora houvesse uma diferença religiosa entre elas, havia trocas culturais, trocas de motivos estéticos, e de retórica”, revela.
A partir destes relatos, Joana Gomes pretende perceber como o poder político simbólico da mulher era representado, e averiguar se existe alguma reminiscência destas trocas culturais nesses discursos.
“Quero compreender se os relatos que provém das crónicas árabes passaram para as crónicas em latim, ou em vernáculo, escritas tanto em Espanha como em Portugal, e perceber se houve motivos ou relatos que foram perdendo um determinado significado e ganhando outro, pois a cultura está sempre em movimento. É um processo de readquirir, de perder, de ativar e de reativar significados, e é esse o objetivo do meu estudo”, reforça.
Saiba mais sobre a investigadora em: IF | FLUP
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