Os filhos de famílias menos favorecidas foram aqueles que apresentaram um maior crescimento em relação aos seus pais.
Berta Valente, investigadora no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), desenvolveu um estudo que pretendeu avaliar a diferença de altura entre duas gerações, pais e filhos, descrevendo diferenças entre homens e mulheres, e a relação com fatores socioeconómicos.
Neste estudo foi verificado que os adultos nascidos na década de 90 são mais altos que os seus pais e que as mulheres cresceram em média 1,46 cm relativamente às mães, e os rapazes cerca de 3 centímetros em relação aos pais.
O maior crescimento foi verificado em filhos de famílias menos favorecidas, em que os pais e as mães tinham menores níveis de escolaridade e profissões menos diferenciadas.
Segundo Berta Valente, isto pode ser explicado pelo facto de os filhos de famílias mais favorecidas terem atingido a sua altura máxima numa geração anterior, enquanto nas famílias menos favorecidas houve uma melhoria dos fatores sociais que eram diferentes entre a infância da geração anterior e a dos seus filhos, permitindo que os filhos de famílias menos favorecidas tivessem atingido um maior crescimento.
Isso quer dizer que os filhos de famílias menos favorecidas podem ter tido acesso a fatores determinantes para o seu crescimento como melhor acesso a cuidados de saúde, uma nutrição mais adequada, e também melhor acesso ao ensino, do que os seus pais tiveram durante a sua infância.
“Importa também ressalvar que esse crescimento não foi igual entre homens e mulheres. Os próximos passos para investigação futura serão então compreender se as mulheres não cresceram tanto devido a fatores genéticos e biológicos, ou se a componente ambiental influencia de forma diferente homens e mulheres”, refere.
Este estudo foi desenvolvido juntamente com as investigadoras Joana Araújo e Elisabete Ramos do ISPUP, utilizando dados da coorte Epiteen.
A coorte EPITeen – Epidemiological Health Investigation of Teenagers in Porto é um estudo longitudinal que acompanha desde 2003, 2942 participantes, nascidos em 1990 na área metropolitana do Porto.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | ISPUP
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