Um estudo assinado por mais de 25 mil cientistas do mundo inteiro alerta para o impacto que as atividades humanas estão a ter na simplificação das redes tróficas.
Rúben Heleno, investigador no Centro de Ecologia Funcional (CFE) e professor na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), alerta para o impacto que a atividade humana está a ter na biodiversidade. As estimativas apontam que uma em cada nove espécies está em vias de extinção.
“Há muitas evidências indiretas de que todos os fatores das alterações globais, como seja o aumento da temperatura, a introdução de espécies invasoras, ou a poluição, estão a levar a uma simplificação muito grande das cadeias tróficas. Ou seja, cada vez mais a energia vai sendo transferida de umas espécies para as outras mas através de menos canais. Isto faz com que os ecossistemas sejam cada vez mais frágeis e que muitos deles já apresentem sinais de se estar a aproximar do colapso”, revela.
A saúde de um ecossistema depende do equilíbrio existente entre as diferentes espécies que nele habitam, e das relações que estas partilham dentro de uma rede trófica. O impacto da atividade humana seja através das alterações climáticas, da poluição, ou da destruição de habitat, está a levar uma simplificação destes sistemas, criando um desequilíbrio das redes tróficas podendo levar ao colapso das mesmas.
“A partir do momento em que uma espécie deixa de existir as outras espécies que são precisas para a subsistência de uma rede trófica são afectadas de uma maneira muito rápida. O próprio ecossistema pode colapsar e deixar de nos dar os serviços dos quais nós dependemos”, reforça.
Atualmente as estimativas indicam que existem cerca de nove milhões de espécies no nosso planeta, das quais cerca de um milhão se encontra ameaçada.
“Uma em cada nove espécies está ameaçada. Alguém pode olhar para isto e dizer que então não há problema porque ainda podemos contar com as outras oito milhões de espécies, mas vamos por isto noutros termos. Imaginem se estivéssemos num avião e seu piloto dissesse que agora íamos tirar um em cada nove parafusos e vamos ver o que acontece o avião. Se calhar já ficávamos um pouco preocupados”, alerta.
Se nada for feito e um milhão de espécies desaparecer do nosso planeta como as estimativas atuais prevêem, corremos o risco de entrar num colapso ecológico que terá um profundo impacto não apenas nos ecossistemas naturais mas também nos sistemas para os quais a humanidade depende.
Este artigo surge assim como um alerta e um pedido de ação para promover políticas de proteção ambiental e de controlo das alterações globais.
Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | CFE | UC
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