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Ep. 1294 Sofia Viana – Investigação desenvolve método não invasivo para administração de fármacos a animais de laboratório

March 31, 2022

ep1294_interiorEste grupo desenvolveu uma goma que pode ser carregada com fármacos e que contém características que aliciam o animal a ingeri-la de forma voluntária.


Sofia Viana, investigadora no Instituto de Investigação Clínica e Biomédico (ICBR) da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e docente na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), desenvolveu um protocolo que permite administrar medicamentos e substâncias bioativas a animais de laboratório de uma forma que não causa desconforto ao animal.

“Este projeto surge de uma necessidade nossa, como investigadores que trabalhamos com experimentação animal para fins científicos, que reside na administração de medicamentos e de substâncias bioativas a animais, nomeadamente a murganhos e a ratinhos, minimizando o stress e o desconforto dos mesmos”, conta.

Atualmente, para administrar medicamentos a animais de laboratório é necessário recorrer a técnicas invasivas pois ao contrário dos humanos, os animais não compreendem quando é necessário ingerir um dado medicamento.

Estas técnicas causam stress e desconforto nestes animais o que, para além de ter um impacto negativo no seu bem-estar, também pode prejudicar a acção dos medicamentos e os resultados da própria experiência

Nesse sentido, a equipa de Sofia Viana desenvolveu uma tecnologia que mimetiza de uma forma muito próxima o que acontece com os humanos.

“Ou seja, nós conseguimos entender quando temos que tomar um comprimido e aquilo que tentámos criar foram matrizes, umas espécies de gomas, como nós damos as crianças, que têm características de sabor e sobretudo de cheiro e de textura que as tornam apelativas para os animais, e que os ajudam a compreender que as devem consumir na sua totalidade”, explica.

Estas matrizes podem ser carregadas com diferentes tipos de medicamentos e de substâncias bioactivas. Como estas gomas são apelativas para os roedores eles acabam por as consumir sem que seja necessária qualquer intervenção externa.

Os animais apenas precisam de um período de adaptação para aprenderem a tarefa e assim que a aprendem vão eles próprios autoadministrar-se com essas gomas, consumindo-as de forma completa e garantindo que o fármaco é administrado na sua totalidade.

Com esta tecnologia será possível minimizar o uso de protocolos invasivos e a indução de respostas de stress nestes animais.

O próximo passo deste projeto será estudar a aplicação destas matrizes em animais doentes e com défices cognitivos para perceber se este método é ou não eficaz nestas situações.

Esta tecnologia foi desenvolvida no âmbito do projeto HaPILLness – Voluntary oral dosing in rodents, e foi recentemente distinguida com o prémio 3Rs Refinement Prize da EPAA – The European Partnership for Alternative Approaches to Animal Testing.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate

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